A Jornada do Escritor – Christopher Vogler
Vamos fazer um estudo resumido de A Jornada do Escritor de Christopher Vogler. Clicando na imagem ao lado ou no título, pode dar uma olhada no livro na Saraiva, vale a pena!
No livro A Jornada do Escritor, Christopher Vogler tem de forma simples e dando vários exemplos práticos, um bate papo com o leitor sobre as estruturas míticas nas narrativas heroicas. O livro virou uma espécie de manual em Hollywood, para os roteiristas, a pesar de o próprio autor comentar que não se trata de um manual e sim de uma análise, mostra uma maneira de fazer, mas isso não quer dizer que devemos ficar presos a ela, inclusive o aturo recomenda mudanças e adaptações ao estilo do escritor. As informações do livro não se aplicam apenas a roteiros, podem muito bem ser aproveitadas por romancistas e contistas no seu trabalho. O trabalho menciona Jung e Propp, mas a obra é fortemente baseada no trabalho de Joseph Campbell, sendo praticamente um manual explicativo da obra deste, intitulada O Herói de Mil Faces.
Alguns dizem que a obra é limitada e simplória, servindo apenas como um primeiro contato com o assunto para leigos, diante de obras verdadeiramente significantes de autores como Propp, Bremond, Greimas, Todorov, Eco e outros sobre estruturas narrativas, não compartilho dessa opinião. Tudo bem sou leigo, mas acho essas outras obras citadas, extremamente teóricas e massantes, excelentes para os que querem ser eruditos no assuntno. A Jornada do Escritor cumpre bem o seu papel, que é o de dar ferramentas a quem quer escrever e não estudar sobre escrever, se é que me entendem.
Vogler divide as narrativas em “três atos” e apresenta uma relação de 12 etapas da narrativa.
1° Ato
1. Mundo Comum;
2. Chamada à aventura;
3. Recusa do chamado;
4. Encontro com o mentor;
2° Ato
5. Travessia do Primeiro Limiar;
6. Testes, aliados, inimigos;
7. Aproximação da Caverna Oculta;
8. Provação;
9. Recompensa;
3° Ato
10. Caminho de volta;
11. Ressurreição;
12. Retorno com o elixir.
Cada uma destas etapas na jornada do herói já foi comentada em outras obras de outros autores, com mais ou menos etapas, na verdade não há nada de novo, mas como nada se cria e nada se destrói…
Outro ponto interessante do trabalho é a descrição dos arquétipos de personagens. Neste caso, descrevendo sete arquétipos e a cada um atribui uma uma função dramática (FD) e uma função psicológica (FP).
1. Herói – FD: busca da própria superação e identificação com o leitor – FP: representa o ego;
2. Mentor – FD: ensinar – FP: self;
3. Guardião do Limiar – FD: testar; FP: representa as neuroses;
4. Arauto – FD: motivar – FP: representa as mudanças;
5. Camaleão – FD: trazer – FP: representa a confrontação;
6. Sombra – FD: desafiar – FP: representar os aspectos reprimidos;
7. Pícaro (palhaço) – FD: alívio cômico – FP: revisão do status quo.
Através dos estágios citados e dos arquétipo o autor mergulha fundo em cada uma dessas etapas tirando melhor proveito delas na construção de suas histórias, a fim de fazer o leitor identificar esses elementos e com isso se envolver com a história e os personagens.
Chirstopher Vogler reconhece o processo criativo que diferencia as histórias, mas identifica que o “esqueleto”, de praticamente todas, permanece o mesmo. Identificar esse “padrão” pode ser muito útil para todos os que desejam se aventurar no mundo da escrita. Tornando cada trecho da história um trabalho próprio, impedindo-nos de ir muito rápido ao ponto, ou muito devagar.
Falaremos com mais profundidade sobre cada etapa e cada arquétipo em artigos futuros. É uma obra muito interessante para os que querem escrever e escrever de maneira atrativa e instigante para os seus leitores. O livro foi publicado no Brasil pela editora Nova Fronteira.