Incrível: Conheça a Mulher Que Nunca Esquece Nada e Vive com Memória Extraordinária!
Imagine lembrar com precisão do seu primeiro dia de vida! Rebecca Sharrock, aos 27 anos, não só consegue se lembrar de momentos da infância, como também de detalhes que a maioria de nós nunca conseguiria. ‘Quando eu tinha uma semana de idade, lembro de estar enrolada em um cobertor rosa de algodão’, revela Rebecca. Desde então, cada segundo de sua vida ficou gravado em sua memória como um filme sem fim. Diagnosticada com a rara síndrome HSAM (Memória Autobiográfica Altamente Superior), Rebecca é uma das poucas pessoas no mundo que possui uma supermemória, sendo capaz de reviver qualquer momento com clareza absoluta. Quer saber como é viver sem nunca esquecer nada?
Parece impossível, mas pessoas com a síndrome de HSAM podem reviver qualquer momento de suas vidas com precisão absoluta – desde o que vestiram até onde estavam em um dia específico. Tudo isso sem esforço, como se suas memórias fossem uma gravação perfeita. Rebecca Sharrock cresceu acreditando que todos tinham esse tipo de memória. Mas, em 23 de janeiro de 2011, sua vida mudou. ‘Meus pais me chamaram para assistir a uma reportagem sobre pessoas com HSAM’, conta Rebecca. ‘Quando os repórteres ficaram impressionados com a capacidade dessas pessoas, perguntei aos meus pais: “Por que eles acham isso incrível? Isso não é normal?”’ Foi aí que seus pais explicaram que sua memória extraordinária era, de fato, única – e que ela também possuía essa rara habilidade.
Diagnosticada com a síndrome da Supermemória em 2013, Rebecca Sharrock faz parte de um grupo extremamente raro – até hoje, apenas cerca de 60 pessoas no mundo foram identificadas com HSAM, uma condição descoberta por volta dos anos 2000. Mas o que faz algumas pessoas nascerem com essa memória extraordinária? A ciência ainda está tentando desvendar esse mistério. Estudos iniciais sugerem que o lobo temporal, responsável pelo processamento de memórias, e o núcleo caudado, relacionado ao aprendizado e à síndrome obsessivo-compulsiva, são maiores em pessoas com HSAM.
Ter uma supermemória parece um superpoder, mas pode ser um fardo. Enquanto algumas pessoas com HSAM descrevem suas memórias como bem organizadas, para Rebecca, o cenário é bem diferente. Ela, que também é diagnosticada com transtorno do espectro autista, compara seu cérebro a uma ‘gaveta entupida’, onde reviver cada detalhe do passado pode causar dores de cabeça e até insônia. A habilidade de lembrar de tudo, embora fascinante para a ciência, muitas vezes traz mais desafios do que benefícios para quem vive com ela.
Há também um lado sombrio nessa incrível capacidade de lembrar tudo. Rebecca Sharrock enfrentou anos de depressão e ansiedade, sentindo-se presa em uma ‘máquina do tempo emocional’. ‘Quando lembro de algo que aconteceu aos três anos, minha resposta emocional é a de uma criança de três anos, mesmo que minha mente seja de uma adulta’, explica ela. Essa desconexão entre mente e coração a deixa confusa e ansiosa.
Apesar dos desafios, Rebecca encontrou uma maneira de enfrentar o lado negativo de sua supermemória. Ela desenvolveu uma estratégia única: ‘No início de cada mês, escolho as melhores memórias que tive naquele mês em anos anteriores’, diz ela. Focar em lembranças positivas ajuda a amenizar as “memórias invasivas” que a afetam emocionalmente. Para Rebecca, essas pequenas vitórias são essenciais para lidar com a montanha-russa emocional que é viver com HSAM.
A supermemória de Rebecca Sharrock também oferece uma visão inédita sobre como bebês e crianças enxergam o mundo ao seu redor. Com lembranças vívidas desde os primeiros meses de vida, ela descreve com clareza o que mais chamou sua atenção quando era apenas um bebê. ‘Lembro de estar no meu berço, virei a cabeça e fiquei fascinada com o ventilador no teto’, conta Rebecca. Essa curiosidade natural só cresceu com o tempo. ‘Quando tinha um ano e meio, pensei: “Por que não me levanto e vou explorar o que é isso?”’ Sua incrível memória nos dá pistas de como as crianças pequenas processam o ambiente, algo que a maioria de nós nunca poderia lembrar.
Outro aspecto intrigante da supermemória é seu impacto no sono. Hoje, Rebecca Sharrock revela que é capaz de controlar seus sonhos e raramente tem pesadelos. ‘Se algo assustador acontece, posso mudar a sequência’, diz ela, sugerindo uma habilidade natural para sonhos lúcidos. No entanto, quando era bebê, as coisas eram bem diferentes. Aos 18 meses, quando começou a sonhar, Rebecca não conseguia distinguir os sonhos da realidade. ‘Eu chorava à noite, mas não sabia verbalizar o motivo’, lembra ela, apontando como isso pode ter sido causado pela intensa clareza de suas memórias oníricas.
Agora, Sharrock faz parte de dois projetos de pesquisa, na Universidade de Queensland e na Universidade da Califórnia em Irvine, com a esperança de que suas experiências ajudem a entender melhor condições como o Alzheimer. Embora lembre de praticamente tudo que lhe aconteceu, há uma exceção: o dia em que nasceu. Mesmo com sua habilidade extraordinária, esse é o único momento que permanece fora de seu alcance.
‘É o único aniversário que eu não lembro’, diz Rebecca Sharrock sobre seu nascimento. ‘Não tenho memórias do útero ou de sair da minha mãe. E, sinceramente, não acho que gostaria de lembrar disso.’ Apesar de sua mente funcionar como um CD em modo repetição, Sharrock afirma que não mudaria nada. ‘Devido ao meu autismo, eu não gosto de mudar nada. Quero continuar pensando e sentindo da maneira que sempre fiz, apenas encontrar formas de lidar com isso’, explica. Para ela, a sua memória e a forma como percebe o mundo são parte fundamental de quem ela é. ‘É a pessoa que eu sempre fui… Quero me manter assim.’