Um Futuro a Defender – Episódio 7.
Capítulos anteriores:
Um Futuro a Defender – Episódio 1
Um Futuro a Defender – Episódio 2
Um Futuro a Defender – Episódio 3
Um Futuro a Defender – Episódio 4
Um Futuro a Defender – Episódio 5
Um Futuro a Defender – Episódio 6
Então…
O sinal sonoro do intercomunicador tocou no quarto de Filmor e tirou-o de um estado de concentração depressiva, tão intenso que parecia catatônico.
– Sim…? Imediato Filmor!
– Aqui é Crauck’s. Venha até minha cabina! – ordenou desligando imediatamente.
Cinco minutos depois Filmor estava diante da porta do alojamento de Crauck’s aguardando, um tanto impaciente, que aquela luz vermelha acima da porta desse lugar a verde que indicaria que ele podia entrar. Quando começava a acreditar que Crauck’s o estava fazendo esperar propositalmente o sinal mudou.
Crauck’s não podia evitar que a cada vez que olhava aquele rosto, as lembranças lhe viessem a mente. O testemunho daquele que estava diante de si o havia colocado a margem do progresso durante anos e… Sacudiu a cabeça para jogar para longe aquelas lembranças.
– Senhor Filmor. – iniciou muito formalmente.
Estava sentado em sua cadeira, confortavelmente reclinado para trás com o braço direito esticado, a mão sobre a mesa tamborilando uma velha canção e os olhos no teto.
– Temos um grande problema aqui – continuou. – Estou quase certo que alguém, um daqueles gordos e fedorentos burocratas do comando, quer que esta missão seja um fracasso! – fitou o outro por alguns instantes. – O que acha?
– Não sei dizer senhor. O que o leva a pensar assim?
Ambos estavam encarando-se ferozmente, olhos nos olhos.
– Veja bem. Quem em sã consciência, desejando o sucesso desta missão, encheria esta banheira velha de novatos e… principalmente nos colocaria lado a lado no comando?
Um pesado silêncio encheu o ambiente enquanto
Filmor pensava no que avia ouvido.
– Observando por esse angulo parece ter razão, senhor.
– Mas ainda a mais! Acredito que tenham um olheiro aqui entre nós.
– E quem seria ele? – perguntou Filmor encarando Crauck’s com um olhar devorador.
– Não faço ideia – deixando a cadeira coloca-lo na posição mais vertical. – í‰ por isso que preciso de você. Você esta mais próximo da tripulação e pode chegar a um nome mais facilmente.
Aquilo deixou Filmor surpreso e o restante da conversa prosseguiu em um tom mais amistoso depois que ele concordou que ambos deveriam esquecer as coisas do passado e trabalhar juntos pelo bem da nave, da tripulação e até mesmo da confederação.
– Então vamos em frente! – encerrou Crauck’s jovialmente.
A porta fechou-se atrás de Filmor que caminhou pelo corredor em direção a sue alojamento com os olhos fixos no chão e os pensamentos em turbilhão, tentando descobrir onde Crauck’s, aquele velho lobo, estava querendo chegar.
Parou diante de uma das escotilhas e observando o espaço lá fora sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha.
Crauck’s andava de um lado para o outro em sua cabina como um animal enjaulado. Precisava entender o que estava acontecendo. Qual seria o objetivo dessa estranha trama? Haveria mesmo a tal trama? Não! sobre isso não tinha mais dúvidas, mas quem seriam os envolvidos?
* * *
Já estavam orbitando o gélido planeta a quase duas semanas e nada havia de novo. Nenhuma nova transmissão para acalmar os ânimos da tripulação ou diminuir as desconfianças de Crauk’s e a verificação feita nos equipamentos de comunicação mostrara que tudo estava dentro das especificações. Vários metais foram detectados sob a superfície, em generosas quantidades. Microrganismos foram observados nas águas dos mares, agora conhecidos como “MAR NEGRO” e “MAR CÁSPIO”; dada a semelhança destes com aqueles da velha terra. Alguns tipos mais complexos de vegetais também e a hipótese de espécies maiores não estava totalmente descartada nas regiões mais profundas, talvez sob roxa sólida em cavernas.
Crauk’s foi acordado pelo sinal sonoro do despertador e uma luz suave encheu o aposento.
Espreguiçou-se e lentamente foi acordando.
Estava tranqüilo. Não mais falara de espionagem com Filmor, mas mantinha-se atento a tudo e a todos. Esticou os braços, entrelaçou os dedos, e virou a palma das mãos para cima. Com um leve movimento fez com que todos os seus dedos, sem exceção estalassem e então relaxou.
* * *
Filmor estava no comando da nave a maior parte do tempo e gostava muito disso, mas já era hora de ceder seu lugar a Crauck’s e não se entristecia, afinal tinha coisas a fazer.
Olhou o cronometro e notou estar atrasado.
Passou o comando a Augur Miranda e saiu.
No caminho para a ponte de comando, Crauck’s, encontrou-se com o jovem Nestor. “Ele anda as voltas com mais um de seus brinquedinhos.” pensou Crauck’s. Conhecia bem o entusiasmo do garoto por pequenas engenhocas e foi dar uma olhada na última.
– O que tem aí desta vez rapaz?
– Senhor! Me Desculpe não o vi aí.
– Não se desculpe. Fora da ponte somos amigos. Lembra-se?
– Tenho aqui, um aparelhinho capaz de captar ondas de rádio ultra-altas. É ótimo! Quer experimentar?
– Lamento, mas já deveria estar na ponte há muito. Não é bom deixar Filmor acreditar que manda em tudo. Não é?
– Pode-se captar milhares de coisas com isto. Neste setor da galáxia há uma gama enorme de distúrbios que podemos captar. Experimente!
Crauck’s, mesmo sendo uma amizade recente, conhecia bem a insistência do rapaz e decidiu que seria melhor ceder logo.
– Está bem. Como é que isto funciona. – já com o pequeno aparelho nas mãos.
– É bem simples. Aperte ali.
Nesse momento La’Guer ouviu algo que não esperava. Um som estridente rico em variações de freqüência numa faixa muito larga. Não podia ser natural.
– Senhor isso é um sinal em código!
– O quê?!
– Um sinal em código senhor. Um sinal de rádio!
Crauck’s como um relâmpago desligou o aparelho.
– Bem rapaz, terminou a brincadeira. Gostei de
seu brinquedinho! Posso levá-lo?
– Mas senhor o sinal…
– Bobagem. – interrompeu Crauck’s. – Você está enganado. Ninguém usa sinais de rádio a séculos.
O rapaz ficou de pé no meio do corredor, vendo o velho comandante afastar-se, sem entender nada.
Crauck’s não foi mais para a ponte, retornou a seu quarto e ligou o computador.
– Freqüências ultra-altas disse ele. O que será que vem a ser isso, exatamente – pensava ele em voz alta. Deveria ter-lhe perguntado. Maldição! Ainda é cedo demais para que alguém fique sabendo. Poderia espantar a nossa presa.
Crauck’s manuseava os controles de programação do computador com destreza. Vasculhava todas as faixas de frequência de rádio que poderiam ser consideradas altas e nada. De repente um sinal foi captado e a frequência de modulação identificada, mas desapareceu tão inesperadamente que o velho Astorm não pode localizado.
Crauck’s entrou na ponte com a tranquilidade de sempre.
– Bom dia senhores! Acredito que meu despertador teve piedade de mim! – brincou com o atraso.
– Bom dia senhor! – respondeu Miranda. – O comando é seu! A situação não mudou. Pensamos ter captado algo momentos atrás, mas não passava de um pulsar. Esta região tem muito a nos ensinar. Ninguém está acostumado a trabalhar com coisas do tipo das que temos por aqui.
– Tudo bem. Pode descansar agora. Sei que não estão sendo fáceis para ninguém estes últimos dias.