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Coração de Metal – Parte – 1/3

coracaodemetal1No ano 2432 o planeta terra e todas as colônias, passavam por uma profunda crise. A escassez de berquélio, um metal extremamente raro de origem extraterrestre, único que tornava possíveis as viagens interplanetárias pelo tchion-espaço, jogou a humanidade em uma era de decadência.

As mega-corporações dividiam entre si o controle dos setores da confederação, que aos poucos foram ficando isolados devido aos altos preços das viagens espaciais. Pequenas rebeliões surgiam, aqui e ali, sem ameaçarem a nova ordem imposta. As empresas, apesar das divergências, mantinham um pacto e dividiam pacificamente todo o transporte espacial de mercadorias. Auferiam altos lucros a custa de inúmeras vidas humanas. Até que um fato novo quebrou o equilíbrio existente.

******

Julian kraff era um jovem notável. Não somente por suas habilidades como estrategista militar e piloto, mas também por seu justo julgamento. Agora estava tentando, sem sucesso, concentrar-se para a primeira inspeção, ao maior, e mais veloz cruzador espacial já construído. Não podia deixar de sentir repulsa diante de tanto desprezo pela vida humana. Havia milhões de pessoas morrendo, sem alimentação, abrigo ou remédios em todos os cantos da federação, e os burocratas do governo preocupados em construir naves para enfrentarem uma batalha contra o Pacto, que certamente não tinham como vencer.

Seria diferente se tivessem tentado isso a uns cinqüenta ou sessenta anos, mas na época estavam felizes com a lucratividade dos negócios e tudo caminhou conforme o Pacto desejava. Até que eles monopolizaram o comércio e os lucros dos políticos foram por terra. Então resolveram antagonizar o Pacto, entretanto já era tarde. Eles eram poderosos demais.

– Malditos burocratas – disse em voz baixa, mas foi ouvido.

– Como disse senhor? – perguntou um soldado, um tanto fora de forma e muito carrancudo.

– Nada! Nada! – repetiu.

Ele sabia, que se seu comentário chegasse aos ouvidos dos tais burocratas, nos dias atuais, poderia ser condenado à morte por traição ao estado, e ressentia-se por isso.

Com grande esforço conseguiu se concentrar e, acreditava, poderia proceder a inspeção. Seu rosto fino e bem delineado mostrava linhas duras e não deixava transparecer a confusão que havia dentro dele. Idéias que há tempos o atormentavam, mas que nem mesmo havia notado, agora começavam a tomar forma. Eram idéias tão perigosas e insólitas que, até então, sua mente não as havia revelado em sua verdadeira forma.

Ele percebeu, após longo tempo, que havia optado pelo lado errado, que se quisesse ajudar seu povo, e o povo de todas as colônias, deveria tomar uma atitude naquele momento, quando a oportunidade lhe surgira à frente.

De Dione, Julian era uma pessoa de alma simples e ideais firmes. Vivera lá até ser recrutado pela federação para o serviço. Quando tivera de abandonar seu lar e sua família pelo bem do estado, não o fizera com magoa ou revolta, mas sim com orgulho. Acreditava que faziam o melhor pelo povo, no entanto isso não correspondia exatamente à verdade.

Há duas semanas, o jovem capitão-de-fragata soubera de algo que mudaria sua vida e sua maneira de encarar o mundo.

Um cometa, um dos grandes, caminhava rumo a sua colônia natal. Isso não seria grande problema, a tecnologia disponível era ótima para resolver esse tipo de coisas, porém o Pacto achou por bem manter tudo em segredo e apenas eles sabiam de onde vinha o tal cometa. O cerne da questão era, segundo a fonte de Julian, que o cometa tinha o “coração” de metal. Justamente, um coração formado pelo metal mais precioso do universo, o berquélio, e isso fez com que o Pacto desconsiderasse o fato de que tal atitude condenaria uma colônia de vinte milhões de pessoas a total destruição.

O Pacto optara por essa maneira nada simpática de agir pelo fato da federação, nessa época ter começado a opor-se a seus interesses e caso a colisão com Dione, que por coincidência era de seu domínio legal por escrituração pública, já há oitenta anos, fosse evitada o metal seria espalhado por todo o espaço e poderia ser recolhido por qualquer um. Com a quantidade de berquélio, que acreditava-se estar contida no cometa, a dominação do Pacto chegaria ao fim e a federação poderia novamente controlar o espaço. Os lucros cessariam.

Julian sabia que a informação também deveria ser de conhecimento da federação e que esta, devia estar tentando a todo custo descobrir a trajetória do cometa a tempo de evitar a colisão. Já não tinha ilusões quanto às motivações da federação. Não se tratava de salvar vidas, mas de poder. Queriam retornar a posição de domínio exercida no passado, com extrema incompetência, pensava o capitão, e para isso não mediriam esforços. Entretanto não ficaria esperando. Seus pensamentos foram interrompidos por uma sirena muito estridente e bem conhecida de seus ouvidos.

– É hora – disse o homem carrancudo ao seu lado.

O capitão de fragata, maio atordoado pelos pensamentos inoportunos sentiu-se por alguns instantes perdido.

– Vamos ver o que podemos fazer – disse, tentando aparentar entusiasmo.

Ele olhou a sua volta e lá estavam eles: seis homens da mais alta patente da armada; quatro colegas de esquadra e seu suboficial e melhor amigo, Jorge Walsh. Não ousava olhar para ele, sabia que como amigo de tantos anos notaria alguma coisa. Não era um plano do qual se pudesse fazer comentários.

Todos, sem exceção, cumprimentaram Julian Kraff. Afinal, a ele caberia a honra de comandar o maior cruzador da armada, o que tornaria a federação grande e poderosa novamente. Poderia derrotar uma esquadra inteira do Pacto sozinho, mas Julian sabia que não seria assim.

Durante todo o percurso até o campo de decolagem, que durou alguns minutos, Julian não pronunciou uma palavra, tinha medo de que qualquer coisa que dissesse o traísse, mas foi o silêncio que o fez.

– O que há? – perguntou Jorge.

Julian precisava contar, não suportava mais o peso da responsabilidade sobre seus ombros, mas era perigoso demais e ele não devia, limitou-se a manear a cabeça e fazer um gesto, colocando o dedo indicador diante da boca. Jorge entendeu e permaneceu, como Julian, calado o restante da viagem.

O viagem, no automóvel onde estavam Julian e Jorge, seguiu num silêncio aterrador. O veículo deslizava em um campo magnético, sem atrito e estava equipado com um supressor de campo inercial, de forma que dava a sensação de estar parado. Como os vidros estavam opacos devido a ordens do comando, não havia meios de se ter certeza de que o veiculo realmente estava em movimento. O trajeto não era por demais longo, mas para Julian pareceu uma eternidade.

Chegaram! Finalmente chegaram. Os campos de decolagem, nos áureos anos da federação eram lugares muito bonitos, arborizados e muito visitados pelos turistas. Hoje no entanto, eram quase um deserto, sem arvores, lagos, animais ou visitantes. O campo agora, era nada mais, nada menos que um único edifício parcialmente em ruínas e um fosso gigantesco em território árido e hostil. O edifício era de construção precária e dava sinais de deterioração, o que deixava claro o grau de decadência da federação e de todo o velho sistema.

Do gigantesco fosso surgiam arranha-céus que a distância pareciam pequenas torres. Ninguém estava preparado para o que iriam ver.

Julian, assim como seus colegas de esquadra, mal pôde acreditar.

Ron Lau, um capitão com idade para estar na reserva e muitas vezes condecorado, homem que durante toda sua vida pilotou as mais incríveis espaço-naves, levou a mão ao rosto e esfregou os olhos.

– Inacreditável, realmente! – exclamou incrédulo.

Uma atitude semelhante, de assombro e incredul
idade, tomou conta de todos os demais, com exceção de Julian kraff. Este estava simplesmente paralisado, com o olhar distante como o de alguém que tem o dia todo para pensar em coisa alguma.

Lorins Col, primeiro oficial de ciências do Zulú, o maior vaso de guerra até então, disse, com um pouco de inveja, que não conseguiu esconder:

– Isso não sai do fosso.

Mac’Vongraf e Oxin Ya capitão e primeiro engenheiro respectivamente da Almirante Vongraf, nome dado a nave em homenagem ao bisavô de Mac, limitaram-se a uma troca de olhares incrédulos.

A inspeção continuou rotineiramente, se é que isso era possível no caso dessa nave. Julian a cada segundo ficava mais convicto do que precisava ser feito, só não sabia como iria infiltrar-se no Pacto para roubar o segredo de que tanto necessitava para salvar seu lar, sua família a tanto tempo deixada para traz e milhões de vidas.

– O que é que esta havendo com você homem? – perguntou Jorge sabendo que não obteria resposta.

Nesse momento um dos homens da cúpula da armada adiantou-se, era o Almirante Andrew Luneiev. Era do tipo nada atlético, calvo, com o rosto um tanto gorducho e cultivava um bigodinho minúsculo e ralo para encobrir o formato estranho de sua boca, além disso era “O homem da guerra”, assim chamado por ser ele um homem de ação e avesso a diplomacia e ocupar o mais alto posto da armada da federação.

– Bem senhores – disse. – Apresento-lhes a arma definitiva. A capacidade desta colossal obra de engenharia, tenho certeza, vai além do que todos são capazes de imaginar. Ela é capas de transportar quinhentos mil fuzileiros armados até os dentes, tanques, aviões de caça espaço-atmosféricos, e ainda, sustentar a vida de todos esses homens por cerca de sete anos em espaço profundo – fez uma pausa colocando as mãos no sinto. – Alguma pergunta? – O orgulho estava estampado em seu rosto.

Julian agora estava controlado e suas emoções não mais comandavam seu corpo. Aquilo que se estendia por quilômetros a sua frente, era muito mais do que poderia esperar. Era justamente o que ele precisava para convencer o Pacto de que era um traidor.

Jorge estava confuso. Podia ver através de Julian, os anos de boa amizade lhe possibilitavam isso. Ele sabia que alguma coisa estava errada, mas o que?

– Mas… Para que tudo isso? – Perguntou o velho Lau. – Se não precisamos de mais de mil fuzileiros e dois meses de sobrevida para nossas maiores reconquistas?

A satisfação no rosto do Almirante Luneiev era cada vez mais pronunciada.

– Bem… – começou, esperou um momento até notar que o suspense já havia atingido o nível desejado e continuou:

– Esta nave não foi forjada com fins de reconquista, mas sim de iniciar a expansão da federação até os confins da galáxia – disse, com muita convicção, quase gritando.

Col não foi capas de conter-se e deu uma gargalhada alta e grosseira. Todos, em seu intimo, estavam dando aquela gargalhada, no entanto Col, sem dúvida estava lançando-a desrespeitoso em cima dos grandes oficiais, e isto podia custar-lhe seu posto, se não a vida, caso algum deles se sentisse ofendido. Logo que percebeu o tamanho da besteira que estava cometendo moldou seu rosto em linhas sóbrias e duras.

– Não pude conter-me, lamento. – tentou desculpar-se e percebeu que fracassara.

O almirante limitou-se a lançar um severo olhar de reprovação e prosseguiu: – Admito, que o que disse é bastante absurdo para os atuais padrões, por isso, não será punido, primeiro oficial Col, mas… contenha-se. Continuando…

O Almirante continuou a falar por vários minutos e finalmente concluiu:

– Bem, capitão Julian Kraff, a nau é toda sua. Tem uma semana para efetuar os devidos cálculos para o salto.

– Sim senhor – respondeu Julian, quase gritando e imaginando quão irônica pode tornar-se a vida, a posição que tanto almejara no comando de uma capitânia finalmente era sua, mas agora era tarde demais.

– Tome cuidado com ela. – disse o almirante em tom de brincadeira – Ela tem mais poder de fogo que toda a armada unida.

******

Três dias depois, Julian conseguiu encontrar-se a sós com Jorge em circunstâncias absolutamente insuspeitáveis. Foram caminhando até um parque próximo falando amenidades e quando chagaram, Julian contou tudo a seu amigo.

– Mas, por que você não me contou tudo isso antes? – quis saber Jorge.

– Eu não sabia o que deveria fazer.

– Então?

– Agora sei, meu amigo. Agora sei – respondeu Julian com ar de pesar.

– E o que vamos fazer? – perguntou em voz baixa o fiel amigo incluindo-se nos planos.

– Eu vou me infiltrar na organização do Pacto e tentar descobrir a trajetória do cometa e o porque do segredo.

– Não me leve a mal, mas você é muito conhecido. Acha que vai conseguir entrar para o Pacto e ainda ter acesso a informações desse tipo? – argumentou o imediato.

– Eu tenho algo para convence-los de minha lealdade.

Subitamente, Jorge entendeu.

– Acha que será a coisa certa a fazer? O pacto, com o Soyus, se tornará virtualmente invencível.

– Não há outra saída.

******

– Então, mesmo com o vazamento das informações, o projeto está seguro? – quis saber um homem de roupa de vinil negra, conforme a última moda.

Cinco homens estavam reunidos naquela sala há algumas horas. Estavam em uma base secreta, num asteróide qualquer. Quatro deles, sentados ao lado da uma grande mesa oval, eram de meia idade e tinham ar severo. O quinto, de pé, jovem e cheio de vitalidade, dava explicações.

– Perfeitamente seguro senhor. O informante não sabia muita coisa e já foi silenciado.

– Como tem tanta certeza de que ele não sabia muito? – perguntou o homem mais à direita da mesa, de cabelos ruivos e nariz adunco.

– Nossos métodos são muito seguros. Associamos drogas e dor, se resistir a um cai diante do outro – respondeu marcialmente o homem que estava de pé.

– Temos que evitar que coisas assim voltem a… – comentava o homem trajado com vinil, quando foi interrompido pelo som de algo que caíra.

– Um momento cavalheiros – desculpou-se e foi verificar o que estava acontecendo. Ele era o anfitrião e aquela fortaleza nos asteróides era seu lar.

Do lado de fora da sala de reuniões Josep, encontrou sua filha. Ela era uma linda garota. Seus olhos eram negros e profundos e seu corpo fazia calar o mais falastrão, mas para o todo poderoso Josep Cadorin, não passava de uma menininha. Sua menininha.

– O que faz aqui, querida? – indagou.

– Nada, papai. Só estava passando e esbarrei na cômoda. Eu… – parou quando o pai a interrompeu.

– Depois conversaremos. Agora vá com sua mãe.

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MigX

Engenheiro, funcionário público, metido a escritor e ilustrador... Publicou na Quark, Scarium e e-nigma. Membro fundador da Oficina de Escritores, vem tentando sua própria jornada do herói na vida, e a viagem do escritor, nos blogs e na OE.

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